SENSAÇÕES ARQUEOLÓGICAS DA MEMÓRIA

Vânia Barbosa experimenta o material de forma diversa, usando pigmento, cera e colagem sobre papel, mas ordenando o espaço de forma mais construtiva. Em certos casos pode-se dizer: tais construções são até simétricas e ortogonais, criando uma ordem matemática mondrianesca, apesar do uso parcimonioso da cor. Há uma preocupação cromática nessa fase, inexistente na anterior, quando só havia intenções de claro-escuro. Percebe-se que Vânia Barbosa tornou-se mais cromática em seus últimos trabalhos, fazendo contraponto entre a cor e a ordem em seus espaços horizontais, tênues e leves, harmoniosos e rigorosos. Sua arqueologia é mais urbana, não emerge de cavernas, mas sim de urbes perdidas nos desvãos da memória. Além do papel, Vânia vem pesquisando outros materiais, no intuito de ampliar seu campo de ação, seu espaço de consciência.

Alberto Beuttnmüller (crítico de arte), São Paulo, 23 de janeiro de 1992