PELE BARROCA é uma performance que foi apresentada por Vânia Barbosa em 15 de julho de 2023 no Museu Mineiro em Belo Horizonte, MG

 

 

A questão abordada foi o envelhecimento.

a Pele. o Barro.

PELE BARROCA

O Projeto Pele Barroca foi uma performance realizada pela artista mineira Vania Barbosa, no Museu Mineiro em Belo Horizonte, no âmbito da disciplina de PERFORMANCE ministrada pelo artista Marco Paulo Rolla, na Escola Guignard, em Belo Horizonte. O ponto central do trabalho era a troca de pele e a imposição social do não envelhecimento das mulheres. O imperativo da juventude apresenta-se cada vez mais forte na sociedade atual e as pessoas que se identificam como mulheres parece que só resta a submissão do corpo a faca, a substância que paralisa, ao imaginário prescrito na bula do remédio. Envelhecer simboliza trincar e trocar de pele. 

Na performance aqui mencionada, a artista usou potes de cerâmica feitos por Cristiano, morador do Quilombo de Pinhões em Santa Luzia. Recipientes que armazenam algo importante para a existência de seres vivos. Recipientes com água serviram para lavar a pele que estava coberta de barro já seco e a pele quase tornou “barro-ca”. Uma pele que estava coberta de barro que deixou suas frestas como as transformações sofridas com o passar do tempo. Como se sabe, o Barroco é uma expressão cultural da contrarreforma ocorrida entre os séculos XVI e XVIII, que coincide justamente com o período colonial brasileiro e o ápice da extração de pedras preciosas no que se passou a chamar de Minas Gerais. Esta também é a época da caças bruxas (inquisição), uma grande perseguição as mulheres livres que ainda não acabou. Pele barroca reivindica novos significados para estes termos e enunciados.

No final da apresentação depois de trocar sua túnica por outra simbolizando a trova de pele, Vânia Barbosa sai de cena com o canto à capela na voz de Andreia Amendoeira, Peixinhos do Mar.

Tempo estimado para a apresentação: 30 minutos.

PELE BARROCA

Proponente | Vânia Barbosa

Apresentação:

A performance feita por uma mulher idosa se desfazendo da camada de argila que cobre seu corpo, pode representar várias dimensões:

1) Mudança de pele: a ideia de “mudar de pele” pode ser interpretada como uma metáfora para a transformação pessoal e o empoderamento feminino. Ao se livrar da casca que  aprisiona, mulher está se libertando das expectativas impostas pela sociedade.

2) Aprisionamento na estética: o barro ou a argila, embora também usado como tratamento e beleza, vem simbolizar o corpo feminino nas normas estéticas. A pressão pela beleza imposta nos dias atuais limita sua liberdade ao enquadrá-las em padrões inatingíveis. A camada de argila pode representar essa camada externa que oculta a verdadeira identidade.

3) O corpo idoso: é também um ato de resistência contra a invisibilidade e a marginalização as mulheres idosas na sociedade.

Essas interpretações podem variar de acordo com a perspectiva de cada um. A performance “PELE BARROCA” permite a expressão e a reflexão sobre questões de gênero, beleza e empoderamento feminino, estimulando o diálogo e a conscientização.

Descrição da proposta:

A performance foi apresentada na área externa do Museu Mineiro. Um som de água invade o espaço. Sobre o gramado da área externa em formato de círculo, já se encontravam potes de barro contendo água. Mais um pote vem carregado sobre a cabeça da artista que entra em cena. Tem corpo e cabelo coberto de barro seco e trincado. É a mulher com uma pele barroca. Sua vestimenta é a mesma túnica usada na performance anterior (mulher barro) já com as manchas da terra. Aos poucos, ela vai se lavando, até trocar sua túnica coberta de minério, por uma túnica branca, simbolizando a troca de pele. Sua saída é com um canto à capela na voz de Andreia Amendoeira que cantou Peixinhos do Mar. O som da água vai diminuindo gradativamente.

Duração da apresentação: 30 minutos

a preparação…

Um recipiente. Um pote que armazena água ou alimentos

é carregado por uma mulher que cuida, que alimenta e aquece.

Potes feitos de barro. Uma mulher-barro.

A performance, feita por uma mulher idosa se desfazendo

da camada de argila que cobre seu corpo, pode representar

várias dimensões.

Andreia Amendoeira cantou à capela, Peixinhos do Mar

Performance realizada em 2023 no Museu Mineiro, BH, MG

Andreia Amendoeira cantou à capela Peixinhos do Mar

As fotografias desse evento foram feitas por:

Adriela Gomes | Gilberto Goulard | Valéria Amorim | Vânia Barbosa